sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Lembranças de uma vida sem alma

Susana não tem medo da morte, ela tem medo é de viver, viver uma vida que não é dela. Ela tem 17 anos, terminando o ensino médio, o orgulho da família, estudiosa, sempre com um caderno e um livro nos braços, seu pai sempre dizia: “Susana será médica, a melhor da família”. Filha única de uma família formada por doutores.
Atuar, dançar, cantar e encantar o mundo com espetáculos, em meios aos livros e cadernos do cursinho sempre tem aquele onde escreve seus contos, ela interpreta todos os personagens.
É um desses personagens, cursará Medicina em Faculdade Federal, mudará para os Estados Unidos onde fará suas especializações, voltará para o Brasil se casará com um dos colegas de trabalho, terá casa, carro, dinheiro, status e dois filhos.
Não gosta do que vê e decide mudar o roteiro de improviso, decide encerrar a peça e abandonar esse personagem, mas planeja um grande final para ele.
Encontra-se sentada na calçada de casa, “será uma bela noite de lua cheia”, pensa Susana. A tarde choveu muito, mas agora o céu está limpo, a calçada ainda está úmida, o cheiro de cimento molhado excita Susana, ela se lembra dos amores que não teve, estudava muito e ocupava-se sendo o orgulho da família e esqueceu de amar, mas ela se lembra das transas rápidas nos carros de amigos ficantes, uma prostituta, vendendo sonhos, experimentando seu corpo com adolescentes cheios de hormônios a flor da pele assim como ela.
Os carros passam na rua, alguns buzinam para chamar sua atenção, algumas crianças brincam de amarelinha na calçada da frente, hoje é um dia especial, vestiu a roupa que mais gosta caprichou na maquiagem, ela abriu aquela garrafa de vinho que o pai guarda para o dia de sua formatura. Em meios aos pensamentos olha para o céu e vê a lua, uma noite clara, chegou a hora do espetáculo, abre o vidro com os calmantes que sua mãe escondia no fundo do armário do banheiro, enche a taça com o vinho que exala um cheiro muito bom.
Ela toma um comprimido de cada vez, em volta com seus sonhos, que começam a se misturar com as lembranças e realidade, começa a sentir seu corpo pesado e lento até chegar ao chão por completo. Descobriu que tinha alma ao sentir a dor insuportável que ela causa ao desgrudar da carne, um último brilho no olhar, a última lágrima de dor e gozo.

O dia em que comecei a morrer

Tudo começou em 1987, era outono, São Paulo, talvez chovesse.
Presságio... o verão demoraria doce criança.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Falência & cia

O suor escorria pelo rosto, a certeza quo o difícil somente começara.
Sentia falta do luz amarela do cigarro e da brisa do cair da tarde.
Tudo ficaria bem, isso sabia.
Sabia, pois ainda restava a música favorita que tocava em acordes silenciosos.
O que fazer? O que pensar? O que escrever?
Falência múltipla de sentidos.
Mas enquanto o suor escorria, havia vida.
Vida havia...
vida via..
via ida.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Meu vício, seu remédio

Me sirva um trago.
me dê um cigarro.
Não me venha com vinhos,
hoje vou beber do que escorre de você.
Fui rude mas,
não estou lhe pedindo amor, nem dor.
Só o ópio que te molha os lábios.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Sentido

Me permito escrever duas vezes ao dia.
Uma para lembrar de esquecer
outra pra esquecer que lembrei de esquecer,
e assim me aqueço do verão que faz lá fora.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Com'senso

"A pressa é inimiga da perfeição".
Quero tudo no pouco,
e pouco a pouco de tudo
Escrevo pois o som pode gerar ambiguidade.
Ouve-se o que quiser.
Marçal Aquino inicia dizendo " Amor é sexualmente transmíssivel".
Um jeito para se dizer:
que nem todo amor se paga com amor,
e que nem tudo que é sublime começa com 
Romeu e Julieta.

terça-feira, 10 de maio de 2011

A graça da caça



Tem coisas que só saberemos explicar quando velhos
A barulhos que só soaram quando juntos
Tem razões que só perdem a razão quando esta chega.